18 de novembro de 2011

Jonestown - 33 anos


Hoje, 18 de novembro de 2011, completam-se 33 anos do massacre de Jonestown. Mas o que aconteceu lá? Que pessoas eram essas? O que faziam ali? Por que estavam lá? Para muitos, principalmente para a juventude de hoje, essa parte trágica e doentia da nossa história parece tão distante que muitos sequer sabem desse fato, que marcou toda uma geração.


Dos fatos conhecidos

Sabe-se que uma série de acontecimentos distintos, mas correlacionados, levaram mais de 900 pessoas à morte, na Guiana, em novembro de 1978. Jim Warren Jones era o nome do homem que criou o "The People's Temple", ou Templo do Povo. Chamado apenas de Jim Jones, ele conseguiu criar uma igreja, implantar uma combinação de filosofias religiosas e socialistas, mesmo sem qualquer formação teológica formal. Mas Jim Jones fora duramente criticado e perseguido ao difundir suas idéias de integração de raças na região de Indianápolis, nos anos 50.


Então Jones e sua congregação seguiram para a Califórnia nos anos 60, onde a igreja cresceu e prosperou. Nessa época os ideais políticos de Jones ficaram mais abertos e mais influentes. Mas o templo procurava novos locais para expandir seu culto, chegando até San Francisco e Los Angeles, nos anos 70. Porém, a pressão à volta de Jones e suas ações crescia e O Templo do Povo começava a se tornar alvo de investigações e denúncias de ex-membros, que diziam passar até por simulações de suicídio coletivo. Ao ver-se perseguido pela imprensa e pelas autoridades americanas, Jim Jones ordenou a ida de todos os fiéis para Jonestown, uma área agrícola que havia sido comprada na Guiana e onde seria erguido o "Projeto Agrícola do Templo do Povo". Lá o povo trabalhou, viveu e morreu. Mas muitos detalhes do dia a dia de Jonestown só poderiam ser descritos por quem esteve lá, e os sobreviventes relataram, de diversas formas o que verdadeiramente acontecia na selva, afastada de tudo e de todos, controlada por um único homem.


Da repercussão

Na época do incidente, muitos jornais noticiaram o fato e fizeram suas coberturas do assunto. Na época quase todos eram afirmativos em dizer que se tratava de um suicídio em massa, ordenado por Jim Jones, num ato de desespero, ao saber que algumas pessoas tinham sobrevivido ao ataque, ordenado por ele, ao congressista Leo Ryan e à equipe de reportagem, que tinham ido investigar e levantar dados sobre as ações dentro do Templo do Povo, assim como sondar as denúncias sobre possíveis membros estarem sendo mantidos na região contra a própria vontade. Jones, ao saber que os outros avisariam a guarda nacional da Guiana, ordenou o suicídio de todos os membros e morreu com um tiro na cabeça. Por algum tempo tudo isso foi aceito como verdade, mas algumas pessoas começaram a discutir os fatos e os sobreviventes começaram a relatar os pormenores de Jonestown, tanto no seu dia a dia, quanto no sombrio dia 18 de novembro.


Dos documentos

Muitos dos sobreviventes deram sua contribuição em forma de entrevistas e documentários, mas além disso, o acervo de documentos do FBI, como cartas, fotos, fitas de áudio e vídeo, além de seus relatórios nos revela detalhes obscuros sobre a vida em Jonestown. Relatos de abuso psicológico, sexual e físico são comuns. Muitos afirmam terem trabalhado aproximadamente 20 horas por dia, e muitas vezes serem humilhados perante todos os fiéis por terem descumprido alguma ordem ou lei imposta por Jones.


Muitos fatos, como a contagem desencontrada durante as primeiras horas e os primeiros dias dos corpos e dados discordantes nos relatórios acabaram por dar margem a várias teorias conspiratórias, como a que diz que Jonestown era na verdade uma experiência da CIA de controle mental.

Outro fato comprometedor é o de que apenas sete autópsias tenham sido realizadas dentre os 913 corpos contabilizados pelas autoridades. Além das dificuldades pelo fato dos corpos terem sido expostos a um longo período de decomposição no calor da Guiana, o que tornou sua identificação difícil e desagradável, os corpos sofreram manipulações por pessoas e militares de forma totalmente grosseira e despreparada. Juntando-se a isso o fato de que os corpos sofreram uma espécie de embalsamamento, ainda na Guiana, para depois serem transportados e dissecados, as conclusões das autópsias dando como a causa da morte o cianeto ingerido pelas vítimas na verdade não foi fundamentalmente conclusiva mas sim uma suspeita. Mas como um dos médicos apontou, o cianeto é instável após a morte, ainda mais depois do processo sofrido pelos corpos para o transporte. No final das contas apenas duas vítimas tiveram sua morte comprovada por envenenamento, sendo os outros tradados da mesma forma por terem indícios relevantes no exame, ainda em campo, feito pelo Dr. Leslie Mootoo, médico chefe examinador e bacteriologista sênior da Guiana.


Do suicídio ou assassinato

Com relação ao tipo de morte, se fora suicídio coletivo ou se fora um massacre, onde centenas de pessoas teriam sido assassinadas, algumas provas podem ser conclusivas. O Dr. Mootoo ressalta que 260 crianças foram mortas, já que não teriam condições de acabarem com sua própria vida, sendo assim mortas pelos adultos. No caso dos adultos, o médico informou que 83 dos 100 corpos que examinou tinha alguma perfuração de agulha nas costas ou nos ombros, o que sugere que poderiam ter sido atacados com agulhas envenenadas. Uma outra possibilidade é a de que os golpes de injeções podem ter sido dados após a queda das pessoas, numa tentativa de evitar que alguém escapasse por fingimento. Além disso o Dr. Mootoo encontrou várias seringas sem agulha, mas com cianeto, possivelmente usadas para esguichar o veneno na boca das vítimas, sendo crianças ou adultos que se recusassem a beber. Muitas pessoas podem ter sido enganadas, imaginando estarem tomando tranquilizantes, pois muitos frascos de Valium foram encontrados pelo chão, mas contendo o cianeto em seu interior. Com base em todas essas informações, o médico conclui que pelo menos 700 pessoas tenham sido assassinadas em Jonestown, isso sem levar em consideração o fato de guardas armados terem formado um círculo em volta do pavilhão, para impedir as pessoas de fugir do acampamento.


Não há testemunhas oculares dos últimos momentos de Jonestown, pois poucas pessoas escaparam com vida. As que sobreviveram só o conseguiram porque fugiram para a selva. Os outros, como uma senhora chamada Thrush Hyacinth, dormiu durante o massacre e não se lembra de nada. Um homem, chamado Johnny Cobb, disse ter se escondido em uma árvore, mas lembra que ouviu gritos e tiros durante a noite.


Das considerações

Jonestown será sempre uma grande interrogação, marcada a ferro e fogo, no seio da humanidade. Como pudemos, como fomos ingênuos? Ou fomos enganados? Teria a CIA ligações tão íntimas com Jim Jones? Era um teste? Era loucura? O que realmente foi Jonestown e o Templo do Povo? Mas o termo "suicídio", para mim, já poder ser esquecido.


Dos materiais de apoio

Documentos:

Reportagens:

Filmes:

Sons:

Imagens:

Das Referências
  

Um comentário:

 
Copyright © 2011 - Todos os direitos reservados à Confraria dos Mortos